sábado, 4 de julho de 2009

Valeu a pena?


Tem dias que você fica se perguntando se alguma coisa foi, não tem? Pois é estou num dia desses, de querer saber foi bom ou se foi ruim. Não to falando de uma viagem, uma balada, um tênis, uma bebida. Falo das escolhas que fiz da minha vida nos últimos nove anos. Será que tudo isso valeu?

Quando tinha 14 anos meu pai decidiu que eu já estava bem grandinho e que devia sair lá do interior e vir embora para a cidade grande. No dia 10 de Janeiro de 2001 eu me vi morando em Campo Grande.

No começo tudo era novidade, tudo era um universo a ser descoberto. Vizinhos que não sei o nome, aprender a pegar ônibus, administrar dinheiro, limpar a casa. Aprender a viver sem pai e mãe do lado, comida pronta, roupa passada, empregada, carro pra ir e vir não é nada fácil! Mas logo estava acostumado e o desafio foi arrumar amigos na escola. Sempre me achei mais tímido do que pareço e mais desconfiado do que pareço, então uma amizade verdadeira demorou um pouco a aparecer. Demorei a ceder e reconhecer que uma pessoa absolutamente diferente de mim podia ser legal.

O Ensino Médio passou rápido, aliás como passou rápido, e me vi na porta da Universidade. Hora de romper novamente? Amigos se foram, jurei que ia manter o contato com eles, mas acabei perdendo e hoje até passam por mim e não me reconhecem.

A faculdade também era um desafio. Metido a diferente que eu sou, resolvi ser jornalista em uma família de professores, funcionários públicos e agricultores. Os quatro anos do curso também passaram voando, quando vi já estava no ultimo e desesperado por não ter conseguido um estágio no mercado de "verdade".

Num golpe do acaso, que no fundo não era tão acaso assim, acabei entrando pela primeira vez em uma emissora de TV. Tive de por em pratica toda teoria acumulada, de reconhecer que não era tão bom quanto achava e de que sempre é possível melhorar. Me formei, amigos se foram de novo, continuei na mesma empresa até que ela quebrasse na metade do ano passado. Procurar emprego? Sinonimo de algumas portas na cara, algumas expectativas e por fim um resultado pratico: estava empregado novamente!

Hoje me pego indo onde quero, andando com as pessoas que quero, fazendo o que quero - na medida do possível - mas com uma sensação absurda de solidão. Sensação de que to sozinho no meio da multidão, sensação de que vou morrer por estar num sábado a noite sem ter pra quem ligar e isso dói mais do que qualquer coisa. Fico me perguntando se tudo isso realmente teria valido à pena. Será que eu seria mais feliz levando uma vida no interior? Me esforçando pra ser quem eu não sou de verdade? Me matando pra agradar a todo mundo menos a mim, tudo pra não ficar nessa sensação de solidão num sábado à noite?

Nunca vou saber a resposta, mas aprendi que o negócio é continuar caminhando por mais vontade que tenha de sentar na janela e ficar vendo a vida passar. Uma hora a solidão passa.

3 comentários:

Daniel Cassus disse...

A vida não é feita de ficar em casa. A vida é feita de momentos em que a gente sai e vai a luta para fazer acontecer. Se você está só hoje a noite, saia que logo aparece alguém. Ficando em casa, só o ladrão vai te ver.
solteiros sim, sozinhos nunca!

Pode não parecer, mas as duas primeiras frases que eu escrevi também me serviram de motivação para as minhas atividades de hoje.

Nanda disse...

O vazio não deve preencher sua alma e perceber a falta de esperança é uma atitude de coragem!
TUdo vale a pena mesmo se quebramos a cara.

Alexandre Lucas disse...

É sempre muito difícil falar de si, mas, com certeza, é libertador!