quarta-feira, 18 de junho de 2008

Post Final Sobre Sex And The City - O Filme


Pensei muito, conversei com amigos fervidos como o Estefânio, e cheguei à conclusão pessoal de que o filme é de uma sinceridade deliciosa e um tapa na cara dos politicamente corretos e dos que se consideram "hype". Deveria ser traduzido como "Xôxo e a Cidade", pois:
  • xoxa a busca pelos relacionamentos perfeitos. Mostra que a felicidade não é previsível e muito menos aritmética. Que as fórmulas pré-concebidas de família, casamento, carreira, sexo, são todas "bullshit";
  • xoxa os hypes, moderninhos e metrossexuais: a Carrie (correção do Estefânio - eu havia escrito Samantha) ironiza o IPhone, cujo uso não é nada intuitivo (nem vou falar da bateria e da câmera...- Apple é coisa de desocupado), os gays que se achavam, esbanjavam no carão e não se aturavam acabaram tendo de se beijar no New Year's Eve. Mostra que o pessoal ecochato / fogueirinha da costa oeste não é páreo para as novaiorquinas fervidas;
  • xoxa com franqueza o modo como os norteamericanos vêem grande parte do resto do mundo: bárbaros. "Here be dragons"... Parece a princípio ironizar o "excesso de zêlo" da Charlotte com a água e comida locais mexicanas, mas mostra que quando ela se descuida e molha a boca na água do chuveiro se caga toda de diarréia. Tenham a certeza de que pensam assim do "Brazil" e de que, dentro do país, paulistas, por exemplo, pensam o mesmo do Rio e de Salvador, guardadas as proporções;
  • Mas para mim, o ponto alto foi a Sam Jones jogando "à merda" o livro "O Segredo", que muitos incensaram, e que não passa de literatura de auto-ajuda barata. Vibrei nessa hora.
Tudo bem, o final foi açucarado, mas quem quiser ver dureza que vá assistir a um documentário no Espaço Unibanco. Não faltarão opções.

No blog amigo Lambe-Lambe vi o texto que reproduzo abaixo, da querida Clarice (né, Gui?) e que, acho, resume uma das muitas mensagens do filme:

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos,
resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.
Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."

Clarice Lispector


'Bora desencanar e ser feliz!

12 comentários:

Estefanio disse...

Eh, põe meu nome ai embaixo assinando isso ai!
só um lembrete geral pra nação: Estefanio, assim com Tony Goes, não tem acento. Anontem isso

Alexandre Lucas disse...

Então assim como o Marcos Carioca é o único que pode escrever Tony Goes com acento, eu vou ser o único que pode escrever Estefãnio com acento, kkkkkkkk!

Unknown disse...

Ale, se o filme for visto por este olhar citado no post, concordo que são alfinetadas para todos os lados.

Só que existem interpretações para a mesma coisa. Eu por exemplo, ao ver o filme pela primeira vez, fui no impulso e não vi na-da do que foi comentado no seu post, estava feliz só pelo filme finalmente começar (Eu vi em São Paulo e putz, como o cinema daí tem comercial e propaganda MAIS os trailers, 30 mim só para começar o filme).

Já na segunda vez, eu tive que ver o filme aqui no Rio com uma amiga, eu notei várias nuances nos detalhes que ultrapassa aquela premissa de capitalismo-consumismo-mulherzinha-marcas-drama.

E Clarice, rules! =D

K. disse...

Passei dois dias no Meliá do Itaim, logo ao lado da sala uol lumière, que meus pais amam, e até considerei ir ver o filme, mas preferi voltar pra casa por causa do cansaço. Estou quase me convencendo a ir ver...

E clarice é muito boa. Meu pai é especialista na literatura dela e ainda lembro que, quando pedi para ler um livro, os olhos dele brilharam. Mas comecei por contos, e ela não é das melhores em contos, o estilo torna-se cansativo a partir do terceiro, quarto. Romances são melhores. Mas em qualquer um, o domínio da palavra é dela, coisa rara.

K. disse...

Passei dois dias no Meliá do Itaim, logo ao lado da sala uol lumière, que meus pais amam, e até considerei ir ver o filme, mas preferi voltar pra casa por causa do cansaço. Estou quase me convencendo a ir ver...

E clarice é muito boa. Meu pai é especialista na literatura dela e ainda lembro que, quando pedi para ler um livro, os olhos dele brilharam. Mas comecei por contos, e ela não é das melhores em contos, o estilo torna-se cansativo a partir do terceiro, quarto. Romances são melhores. Mas em qualquer um, o domínio da palavra é dela, coisa rara.

Gurizão disse...

hahaha ameiiiiii e roubei o texto (com a devida citação é claro).

Adoro aki... adorei eu amei sex and the city, e é bem oq vcs disseram aí.

Bjãozao!

Rodrigo disse...

;)

Clarice rules [2]

Rico E disse...

Amei este texto de Clarice Lispector, é bem verdade, não adianta procurar temos que deixar acontecer.

Leandro disse...

bora! no 3! 1.. 2... 3...! já! vái, tá com vc!

bjs

" O PIMENTA ! " disse...

perfeito o texto, já peguei pra mim, e idem ! adorei o filme também apesar de não ter observados tantas coisas como vc!!
Vou ver de novo com um olhar mais crítico ok???
abraço e boa semana

Gui Sillva disse...

O filme é cheio de mensagens subliminares!

mas talvez a mensagem maior é que: talvez seja preciso - as vezes - esquecer a bolsa Prada, o sapato Manolo. Mas se precisarmos vender a alma ao diabo para ter isso - ou outras coisas - , francamente, estaremos precisando rever os valores. e descobrir que coisas mais simples podem ser um luxo!

Alexandre Lucas disse...

Estefânio: por mim você já seria co-autor do blog. Inclusive deixaria de colocar acento no seu nome ;)
Clebs: pode acreditar que são alfinetadas, dicas, coisinhas, hehehe. Porque ensinamento quem dá é Deus... E que bom que concordamos sobre a Clarice, porque sobre cinema Rio-São Paulo... Quando fui no cinema do Barra Shopping era uma sujeira e o ar não funcionava... Melhor 30min de trailer kkkk.
Zito, obrigado pela audiência.
Tiozinho, obrigado pelo ensinamento / fonte.
Rico: é a alma do texto.
Leandro: boiei... Hehehe
Pimenta: adoro ver filmes mais de uma vez!
Gui: como diz a mesma Clarice, "o melhor deve ficar ans entrelinhas".