Não é bem por aí

Não é o máximo quando os dados desmentem os argumentos? No fim de outubro os mais nacionalistas ficaram faceiros que só com o avanço da economia brasileira e até disseram que o país era quase desenvolvido (oi?).

Era só ir até os comentários das matérias sobre o assunto. O que não faltam são nacionalistas que juram que estamos totalmente por cima da carne seca, tupiniquim rules. Eu vi até manchete de economia assinando essas loucuras.

Os dados do IBGE divulgados essa semana são um verdadeiro clap, clap, clap na cara de quem jurava que já podia comprar um castelo na Escócia ou um Vauxhall -. Até tem quem tenha grana pra isso, mas não é o caso de metade da população, então é bom ficar bem pianinho. Em 2010 essa metade vivia com R$ 375 por mês, se é que com esse dinheiro é possível viver.

O levantamento ainda mostra que 10% da população vive com 44,5% do total dos rendimentos do país ( se você é um desses e está solteiro, tem meu email aqui do lado. Ok?) Só mesmo dando o golpe do baú para conseguir passar pra esse dízimo dos mais ricos rápido.

Não é porque o país tem um PIB maior do que o do Reino Unido que a população brasileira realmente viva melhor do que lá ( nem vou falar muito de economia porque eu também não sou o lost und found ). Essa empolgação, que é uma característica tão nossa, tem mais é que ser usada para alguma coisa mais útil do que ficar contando vantagem ( que aliás nem tão vantagem assim, já que foram os outros que ficaram pobres).

Ensinamento Pesadinho do Dia

"...procuro não ter muita intimidade com pobre, esse negócio de andar de ônibus e fazer fila pega feito praga."

Barbara Gancia

"É melhor dar dinheiro a uma pessoa do que dar intimidade."

Dri Spaca

Desde Paraguay

Esse fim de semana dei um pulo no Paraguai, Paraguay como eles dizem por la. Pedro Juan Caballero faz fronteira com Ponta Porã, MS, e é o paraiso de compras do campo-grandense. A fronteira fica a 4 horas de carro e todo fim de semana recebe muita, muita gente louca por importados. Com o dolar a R$1,84 então o povo corre mais ainda. É free shop em formato de cidade.

Quando você entra em um shopping esquece de tudo. Não tem como não esquecer os problemas enquanto se compra uma garrafa de wyborawa, um perfume por US$10, chocolate suiço, roupa. A única preocupação é com a cotação. Nada mais.

Mas quando se sai dos lugares bonitinhos, bem arejados e se vai para o centro da cidade é que você se lembra onde está. Nas ruas, se vende de tudo. Meias, pen-drives, cd's, dvd's, perfumes, brinquedos, erva de tereré. Tudo o que você quiser - legal ou não - encontra nas ruas de PJC.

Mas o problema são os vendedores...Um adulto vender coisas no meio da rua é normal, agente vê isso todos os dias nas grandes cidades. Mas quando o vendedor tem 4 anos? Pois é,encontrei um menino de 4, 5 anos vendendo meias e pen-drives em Pedro Juan. Pensei em não comprar as coisas que o menino vendia. Mas quando ouvi "compra, compra señor" não aguentei.
Comprei com penso na consciência, por colaborar com alguém que explora o trabalho infantil, mas não podia deixar de ajudar aquele menininho. Mesmo que fosse comprando aquilo que ele vendia. Tive um tremendo mal estar, uma puta ressaca moral. Enquanto eu comprava pra me divertir, o guaranizinho vendia para comer.