domingo, 11 de maio de 2008

Paradoxos


Vivemos mudanças paradoxais em nossa geração. Mudanças que não costumavam ocorrer de forma tão intensa em tão curto espaço de tempo na espécie, e ao mesmo tempo ainda não sabemos onde isso nos levará.

Pensei sobre isso ao assistir ao quarto trailer do filme "Speed Racer", que acaba de sair no Brasil e sintomaticamente é um filme infantil para adultos que assistiram na infância ao desenho japonês homônimo (eu achava meio chatinho, pessoalmente) - foto acima.

Temos visto uma geração de pessoas adultas (acima de 21 anos) que mesmo depois dos 30 tem atitudes que há uma geração seriam consideradas adolescentes, morando com os pais, muitas vezes parcial ou completamente sustentados financeira e emocionalmente, que não seguem o caminho natural de construir suas próprias vidas. Paradoxalmente, ao invés de saudosistas de 60 ou mais anos, estamos vendo saudosistas de 25 anos em diante, seja emulando jogos de Atari2600, seja consumindo produtos ligados a desenhos ou filmes de sua infância.

Para se parar e pensar.
(abaixo o trailer do referido filme)

7 comentários:

Too-Tsie disse...

Ai, do alto dos meus 31, eu tenho muita nostalgia de coisas que eu vivi com pouca maturidade. Eu sempre saí com pessoas mais velhas, achava os adolescentes da minha idade meio infantis demais.
Ah, eu já não moro mais com meus pais, Speedy Racer o desenho eu achava um porre!!!

Gui Sillva disse...

adoro filmes infantis!!!!

" O PIMENTA ! " disse...

Não vi e nem quero ver o spped, pelo treiller já achei muito artificial...mas o que vc disse está corretíssimo!! Tem alguma coisa estranha acontecendo...as pessoas não querem mais assumir totalmente a identidade de adultos (leia-se independentes)! Acho que pode ser falta de oportunidade, medo de caminhar sozinhos, comoção, sei lá...estamos vivendo um tempo de crianças eternas...acho estranho isso também...

Lúcia BL disse...

que coincidência! ontem mesmo eu respondi a um comentário no religare falando de kidults e grups.

eu gosto muito de algumas coisas que são de crianças e adolescentes... mesmo que não sejam da MINHA infância ou adolescência. eu olho um brinquedo dos anos 50... e me dá saudades de algo que não vivi!

também gosto de algumas das coisas que são de crianças e adolescentes de hoje. e acho bonito um objeto adulto com traços de brinquedo, como um MAC. há até um nome para essa tendência: toyification!

mas emocional e financeiramente, sinto-me bastante adulta: sou consciente das minhas alternativas, das minhas escolhas -- e sinto-me responsável pelas consequências dessas escolhas.

beijogrande

Alexandre Lucas disse...

Respostas:
- Too-tsie: também sempre tive amigos mais velhos e tenho noltalgia discreta do passado. Mas daía emular jogos de Atari no PC, comprar Telejogo pelo E-Bay, já vai uma distância. Nem acho que o problema é morar com os pais, mas sim construir uma identidade saudável, madura e independente.
- Gui: gosto de alguns filmes infantis. Abordei a onda de remakes baseados em coisas passadas que de infantis não tem nada. São coisas infantilóides feitas para adultos infantilizados.
-"o pimenta!": esperemos que seja a transição para algo melhor na sociedade, né? Afinal, as leis da evolução e da seleção natural continuam valendo...
-Lúcia: "Coincidências não existem, apenas a ilusão de coincidências..." Acho incrível nossa sintonia e simpatia espontâneas. Obrigado pelo carinho de sempre, pelos artigos e posts inteligentes. Também não vejo mal na "toyification", mas sim em pessoas que tentam não avançar para fases posteriores da vida. Sei que é mulher madura e independente, além de inteligente. Sempre que precisar de um amigo, conte comigo. Adoro conversar com vc =)
Bjs a todos

Alberto Pereira Jr. disse...

bom eu tb sempre achei Speed Racer bem chatinho..

quanto a "adultolescência" realmente está cada vez mais comum. O fato de morar com os pais depois dos 30 não é ruim, o ruim é se a pessoa é realmente dependente financeiramente e psicologicamente dos genitores.. se não conseguiu romper o cordão umbilical e crescer..

K. disse...

Kundera é fascinado por essa questão da nostalgia. Em Ignorância ele fala um pouco, na Insustentável ele aborda a idéia do eterno retorno.

Acho que estamos numa fase de absorção de tanta informação que a identidade, de repente, parece ameaçada. Queremos preservá-la, relembrá-la sempre para que não se perca em meio aos iPhones, mp3, Blu Ray, HD TV, internet, etc. É uma forma de construir a identidade negando um pouco este presente que se torna cada vez mais incompreensível e difícil de seguir.

quanto ao Speed Racer... nunca vi o desenho!! daí a falta de curiosidade no filme... (mas confesso que ainda quero ver Transformers!)