domingo, 4 de março de 2007

Mar de Lama

Vamos e venhamos, o tribunal nos moldes atuais simplesmente não funciona. Vergonha, muita vergonha...

STF cogita rejeitar denúncia do mensalão

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Por razões de natureza processual, cresce entre os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) a avaliação de que talvez seja necessário recusar a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a respeito do escândalo do mensalão.

Com 40 denunciados, há possibilidade de que o tribunal tenha de ouvir até 360 testemunhas no processo. É uma ação complexa e que se arrastaria por anos, sujeita a manobras protelatórias.

Ministros do STF já comentam reservadamente que o tribunal correrá o risco de não julgar o processo antes da prescrição --prazo após o qual é extinta a punibilidade de um crime. Se isso acontecer, seria uma confissão explícita de fracasso e inviabilidade do funcionamento do tribunal nos moldes atuais, atolado em ações e moroso nas decisões.

A rejeição da denúncia, porém, não é uma decisão fácil. De início, seria um petardo no Ministério Público, instituição com a qual o Supremo anda às turras ultimamente. E o efeito na opinião pública?, indagam reservadamente ministros do tribunal. Temem ser acusados de facilitar a tradicional impunidade de crimes de corrupção.

Na avaliação da maioria dos ministros, teria sido mais adequado denúncias individuais ou de grupos menores. Isso é exatamente o que poderá acontecer se o STF rejeitar a denúncia por razões processuais. Novas denúncias teriam de ser feitas Algumas seriam julgadas em instâncias inferiores.

Na avaliação de alguns integrantes do STF, a reunião de 40 réus numa única ação teria sido um tropeço do procurador-geral, ávido por passar a batata quente para outras mãos.

Havia ainda, na época da denúncia, uma avaliação política corrente em setores jurídicos de Brasília: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seria reeleito. Logo, pegava bem o procurador-geral mandar ficha em 40 pessoas, no que, então, foi visto como prova de independência e não de inabilidade jurídica.

Para acusados como o ex-ministro José Dirceu, uma eventual prescrição das acusações, como a de chefe de quadrilha, seria um desastre político. A versão seria a de que Dirceu escapara por falha da justiça e não por falta de provas, o que o ex-ministro sustenta. Já para Marcos Valério seria sopa no mel. Ele não tem pretensão de recuperar sua imagem pública, ao contrário de Dirceu, que sonha um dia retornar à política partidária.

A expectativa é que o STF tome uma decisão final no início do segundo semestre. Aventa-se setembro. O tribunal está numa posição nada fácil.

(Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/brasiliaonline/ult2307u144.shtml)

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