Assim Dançou Zaratustra
Triste que minha primeira postagem no blog seja motivada por evento tão pesaroso. Mas não poderia deixar de prestar uma homenagem a um dos maiores nomes da história da dança. Morreu aos 80 anos, em Lausanne, na madrugada da última quinta-feira, Maurice Béjart, coreógrafo. Apesar de estar há anos confinado a uma cadeira de rodas, devido a uma doença nos quadris, ele trabalhou até o fim com o seu Béjart Ballet Lausanne. Nascido na França, país do qual guardava muito rancor ("nunca recebi um centavo do governo francês"), um de seus últimos pedidos foi que após sua morte não se colocasse as palavras 'francês' e 'coreógrafo' juntas. Em 1960, migrou para a Bélgica, onde desejava que suas cinzas fossem espalhadas.
Um dos mais prolíficos coreógrafos da história, com mais de 100 espetáculos, sua personalidade dura e agressiva contrastava com suas criações, cheias de sensibilidade e lirismo. Não se conformava com o fato da dança ser uma "arte separada das massas" e tentou popularizá-la, levando-a a estádios e à televisão.
Não morreu aos 80 anos. Morreu aos "4 vezes 20 anos", como se apresentou ao mundo no espetáculo "Amour 4-vingt". E apesar de deixar um vazio insubstituível no mundo da dança, devemos crer que morreu na hora certa. Ao menos era nisso que ele acreditava: "Eu creio que a gente morre sempre a tempo (...) O tempo é contado de maneira diferente para cada um, mas nós morremos a tempo".
A barba mefistotélica, a echarpe vermelha e o olhar enigmático deixarão muitas saudades. Agora ele fará as estrelas dançarem.
Imperdível: Jorge Donn irretocável dançando o Bolero. Coreografia de Béjart para a obra-prima de 2 compassos de Ravel.
Um comentário:
Dizer o que sobre o artigo? Magistral e cultural:)
E o vídeo ficou ótimo :) "Upload" particular, sem CTRL+C e CTRL+V de sites como Youtube e Daily Motion. Deve ter demorado para carregar.
Obrigado pelo esforço e continue sempre contribuindo por aqui :)
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